terça-feira, 19 de abril de 2016

Desafios ao ensino da matemática na escola


por Prof. Esp. Raimundo N. Martins, Jr.
Se andarmos nos corredores da maioria das escolas do Brasil, veremos uma coisa em comum ao conversarmos com os alunos, a ideia de que a Matemática é difícil e um bicho papão.
Vemos nessas mesmas escolas professores tentando de tudo, mas a grande maioria fica polarizada entre a pedagogia do método e a pedagogia da contextualização.
Chamo de pedagogia do método aquela prática escolar que ensina a matemática unicamente como uma repetição de processos mecânicos onde o método é ensinando como se fosse uma receita de bolo ou um algoritmo matemático executado em um programa de computador onde a resposta esperada sempre se alcança da mesma forma, sendo que a única diferença entre uma e outra questão são os números iniciais. Este trabalha o foco no processo fazendo do procedimento apenas uma reprodução inconsciente, portanto, não lógica de uma sequência de eventos que irão culminar na resposta esperada.
No outro extremo está a pedagogia da contextualização onde, a valorização do método ou do procedimento fica em segundo plano e a introdução de uma linguagem não matemática, espera que se produza os meios necessários para que o aluno, por meio de um exercício de lógica racional, possa apresentar, em virtude e consequência da sua leitura de mundo, a resposta esperada.
O caminho para a educação matemática, não segue nenhum dos dois extremos, mas utiliza os dois caminhos como sendo necessários ao desenvolvimento eficaz da prática de ensino da lógica matemática na escola. Porém, há algumas considerações a fazer.
O ponto de partida é a harmonização entre estres dois extremos. O método e o contexto tem de andar juntos. Essa harmonia só é conseguida com o desenvolvimento da linguagem matemática. Assim como, em Língua Portuguesa, a gramática fornece as regras e a linguística o que fazer com estras regras, a linguagem matemática, também tem suas características, tanto de estrutura quando de exercício contextual que lhe seja próprio. Traduzindo em miúdos, a matemática tem uma linguagem só sua que deve ser conhecida profundamente para que procedimentos e contextualização andem juntos.
De nada adianta expor o aluno a questões matematicamente contextualizadas se o aluno não é capaz de compreender o que está sendo pedido. Em contrapartida, se a contextualização fizer uso de linguagem não matemática, a dificuldade encontrada será outra, a de relacionar o que é matemático ao que não é.
Dois comportamentos muito comuns em nossas escolas são: 1 - durante a produção de provas, os professores, em nome, até mesmo, de uma facilidade de trabalho, procurarem na internet questões prontas acerca de um determinado assunto. A falha nesse tipo de procedimento está exatamente na questão da linguagem contextual apresentada, muitas das quais ou são distantes da realidade do aluno que há de fazer a prova ou da própria linguagem do professor utilizada em sala de aula. E, 2 – uma prova completamente focada na repetição do procedimento sem contexto algum. Isso é pernicioso, pois no mundo fora da escola, nos vestibulares e ENEM's da vida, o aluno será exigido em responder comportamental e intelectualmente a um mundo para o qual a escola deveria prepará-lo criticamente.
Vencida todas estas questões entre o método e o contexto, surge um outro problema, a capacidade de analise do que está diante do aluno.
Na maioria dos casos, o aluno sabe com fazer passo a passo o procedimento pedido ou no outro extremo, ele compreende o que está sendo pedido, mas não consegue transpor para o mundo das ideias da matemática a linguagem escrita por meio das letras. Como solução, se propõe que este busque conhecer dicionaristicamente o significado dos termos e várias são as formas deste conseguir assimilar estas definições como eficiência, uma dela é provocando a associação entre imagem e informação, para que se os termos escritos não favorecerem a descoberta do que fazer, as imagens o direcionarem um caminho de trabalho orientado.
No mais, estas dificuldades são fruto de uma coisa somente, da dificuldade de fazer relações entre as coisas: do método com o contexto; da língua escrita com a língua matemática; da análise com a dificuldade do desconhecido; da imagem com a informação; dentre outros.
Em suma, todos nós sabemos matemática e temos domínio sobre ela em algum nível. O que não podemos é continuar aprendendo ou ensinando de uma forma completamente mecânica, sem valores reais, sem vê-la dento de nossa realidade, sem desenvolver uma linguagem que lhe seja própria, nem muito menos, sem a capacidade de analisá-la com a maturidade que ela exige de nós para que a enxerguemos como um presente lógico e não como um bicho papão, pois bicho papão só existe na imaginação de gente imatura que ainda olha para o armário ou para a matemática como se de lá fosse sair um bicho verde, estranho e assustador.

2 comentários:

  1. O bicho papão é o professor que na sua maioria não estuda, não busca outras táticas para melhorar sua práxis.

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