por
Prof. Esp. Raimundo N. Martins, Jr.
Se
andarmos nos corredores da maioria das escolas do Brasil, veremos uma
coisa em comum ao conversarmos com os alunos, a ideia de que a
Matemática é difícil e um bicho papão.
Vemos
nessas mesmas escolas professores tentando de tudo, mas a grande
maioria fica polarizada entre a pedagogia do método e a pedagogia da
contextualização.
Chamo
de pedagogia do método aquela prática escolar que ensina a
matemática unicamente como uma repetição de processos mecânicos
onde o método é ensinando como se fosse uma receita de bolo ou um
algoritmo matemático executado em um programa de computador onde a
resposta esperada sempre se alcança da mesma forma, sendo que a
única diferença entre uma e outra questão são os números
iniciais. Este trabalha o foco no processo fazendo do procedimento
apenas uma reprodução inconsciente, portanto, não lógica de uma
sequência de eventos que irão culminar na resposta esperada.
No
outro extremo está a pedagogia da contextualização onde, a
valorização do método ou do procedimento fica em segundo plano e a
introdução de uma linguagem não matemática, espera que se produza
os meios necessários para que o aluno, por meio de um exercício de
lógica racional, possa apresentar, em virtude e consequência da sua
leitura de mundo, a resposta esperada.
O
caminho para a educação matemática, não segue nenhum dos dois
extremos, mas utiliza os dois caminhos como sendo necessários ao
desenvolvimento eficaz da prática de ensino da lógica matemática
na escola. Porém, há algumas considerações a fazer.
O
ponto de partida é a harmonização entre estres dois extremos. O
método e o contexto tem de andar juntos. Essa harmonia só é
conseguida com o desenvolvimento da linguagem matemática. Assim
como, em Língua Portuguesa, a gramática fornece as regras e a
linguística o que fazer com estras regras, a linguagem matemática,
também tem suas características, tanto de estrutura quando de
exercício contextual que lhe seja próprio. Traduzindo em miúdos, a
matemática tem uma linguagem só sua que deve ser conhecida
profundamente para que procedimentos e contextualização andem
juntos.
De
nada adianta expor o aluno a questões matematicamente
contextualizadas se o aluno não é capaz de compreender o que está
sendo pedido. Em contrapartida, se a contextualização fizer uso de
linguagem não matemática, a dificuldade encontrada será outra, a
de relacionar o que é matemático ao que não é.
Dois
comportamentos muito comuns em nossas escolas são: 1 - durante a
produção de provas, os professores, em nome, até mesmo, de uma
facilidade de trabalho, procurarem na internet questões prontas
acerca de um determinado assunto. A falha nesse tipo de procedimento
está exatamente na questão da linguagem contextual apresentada,
muitas das quais ou são distantes da realidade do aluno que há de
fazer a prova ou da própria linguagem do professor utilizada em sala
de aula. E, 2 – uma prova completamente focada na repetição do
procedimento sem contexto algum. Isso é pernicioso, pois no mundo
fora da escola, nos vestibulares e ENEM's da vida, o aluno será
exigido em responder comportamental e intelectualmente a um mundo
para o qual a escola deveria prepará-lo criticamente.
Vencida
todas estas questões entre o método e o contexto, surge um outro
problema, a capacidade de analise do que está diante do aluno.
Na
maioria dos casos, o aluno sabe com fazer passo a passo o
procedimento pedido ou no outro extremo, ele compreende o que está
sendo pedido, mas não consegue transpor para o mundo das ideias da
matemática a linguagem escrita por meio das letras. Como solução,
se propõe que este busque conhecer dicionaristicamente o significado
dos termos e várias são as formas deste conseguir assimilar estas
definições como eficiência, uma dela é provocando a associação
entre imagem e informação, para que se os termos escritos não
favorecerem a descoberta do que fazer, as imagens o direcionarem um
caminho de trabalho orientado.
No
mais, estas dificuldades são fruto de uma coisa somente, da
dificuldade de fazer relações entre as coisas: do método com o
contexto; da língua escrita com a língua matemática; da análise
com a dificuldade do desconhecido; da imagem com a informação;
dentre outros.
Em
suma, todos nós sabemos matemática e temos domínio sobre ela em
algum nível. O que não podemos é continuar aprendendo ou ensinando
de uma forma completamente mecânica, sem valores reais, sem vê-la
dento de nossa realidade, sem desenvolver uma linguagem que lhe seja
própria, nem muito menos, sem a capacidade de analisá-la com a
maturidade que ela exige de nós para que a enxerguemos como um
presente lógico e não como um bicho papão, pois bicho papão só
existe na imaginação de gente imatura que ainda olha para o armário
ou para a matemática como se de lá fosse sair um bicho verde,
estranho e assustador.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirO bicho papão é o professor que na sua maioria não estuda, não busca outras táticas para melhorar sua práxis.
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