Por
Raimundo Nonato Martins Junior
Esta
é uma pergunta, no mínimo, preocupante. Como um professor em plena
época da informação global e imediata poderia ficar sem saber o
que fazer com os tablets que o Governo do Estado de Pernambuco
forneceu aos alunos do 2º e 3 anos do Ensino Médio? Infelizmente, a
resposta a este questionamento é simples, pois o professor, em sua
grande maioria, é um analfabeto digital, para não dizer um
ignorante digital, pois o primeiro não tem culpa de ser, o segundo
tem todas as potencialidades, mas não quer se atualizar.
O
conceito de alfabetizar é:
"aquilo que ainda hoje significa, ensinar o alfabeto. Alfabetizar é ensinar a ler e a escrever, ensinar a reconhecer os símbolos gráficos da linguagem verbal [1]".
Quanto
a alfabetização digital implica em saber a linguagem e o código de
funcionamento computacional. Não é um mero uso simples, como faz a
maioria, pois o alfabetizado não faz o uso simples da língua. Ao
escrever, independente da disciplina, a língua escrita tem toda uma
normativa e, consequentemente, uma preocupação em expressar
qualidade no escrito. Existe todo um cuidado associado.
Segundo
Magda Soares:
"alfabetização, em seu sentido próprio e especifico, é processo de aquisição do código escrito, das habilidades de leitura e escrita [2]".
Magda
Soares fala de alfabetização como um processo. Interessante é que
todo processo tem um começo e uma gradação de um nível mais baixo
a um mais alto. Onde o topo é o objetivo final. É certo que, para
qualquer situação que exige assimilação de conhecimentos, nuca se
começa de cima, sempre da base, dos fundamentos. Lembre-se que, uma
casa só terá um teto firme se tiver uma base sólida.
Um
outro conceito fundamental é o de analfabeto funcional. O qual pode
ser definido como:
"a denominação dada à pessoa que, mesmo com a capacidade de decodificar minimamente as letras, geralmente frases, sentenças, textos curtos e os números, não desenvolve a habilidade de interpretação de textos e de fazer as operações matemáticas. Também é definido como analfabeto funcional o individuo maior de quinze anos e que possui escolaridade inferior a quatro anos, embora essa definição não seja muito precisa, já que existem analfabetos funcionais com nível superior de escolaridade [3]".
O
analfabeto funcional, talvez seja o mais próximo de um analfabeto
digital, pois ambos tem capacidades funcionais mas tem dificuldades.
Neste caso, espera-se que o professor já tenha alcançado um certo
nível de conhecimentos dada a sua formação e experiência, mas na
prática é demonstrado falhas graves que são impressas no
comportamento dos alunos, causando-lhes, prejuízos. Sabe-se que "a
prática leva a perfeição" e é esta a razão de muitos
profissionais não terem conhecimentos necessários a sua prática.
Um
outro ponto a considerar é que as universidades não formam para a
tecnologia, mas uma coisa que todo ser humano é, o ser dotado de
curiosidade. O problema é que a vida corrida acaba se tornando
desculpa para não ser melhor para poder oferecer o melhor. Penso que
não se quer ser melhor porque não se quer que o aluno seja melhor.
Um aluno melhor dá mais trabalho, pois se torna questionador,
critico, exigindo mais preparação do professor. Como a maioria,
desde a graduação, está vivendo numa preguiça quase que eterna,
estudar poucos querem. Melhorar, quando se sabe que em princípio se
terá mais trabalho, poucos querem. Isso é fruto da transformação
do educador em um profissional de educação. Alguém que antes de
pensar no lucro material, pensava na formação intelectual dos seus
alunos. Lembre-se professor, seus alunos de hoje serão os políticos
que pagarão seu salário amanhã. Depois não reclame!
O
que fazer então? Deixe de preguiça! Aprenda com os seus alunos:
mexa no computador. Vasculhe a internet procurando artigos, textos,
fotos, vídeos, ..., e muitas coisas boas para utilizar com os seus
alunos. Seja criativo! Só não pergunte: "tem o que no tablet?"
Esta resposta é simples: no tablet tem a maior biblioteca e os
maiores museus do mundo. As falas e livros de grandes personalidades
em vídeo, áudio e documentos dos mais variados assuntos possíveis,
é algo inesgotável.
E
o professor tem o que? Um cérebro que, em sua maioria, se cauterizou
com o tempo de tal forma que não consegue conceber uma aula além
daquela forma a qual está acomodado. A repetição do método
aplicado durante sua vida estudantil, o qual inconscientemente,
repete em suas aulas, por concebê-lo como a verdade didática
educacional.
Analfabetos
digitais são muitos. Os revolucionários são poucos. A vida
educacional não gira em torno de "vou ter mais trabalho" e
/ ou "não recebe para isso". Atualize-se para não ficar
para trás.
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